Leia ouvindo: Cat Power – Good Woman
Dias atrás parei de correr e decidi ouvir meu coração. Em meio a tanta bagunça e stress ele estava lá, manso. Nada comparado com o mesmo período do ano passado. Coisa de maluco.
Parece que o bichinho da plenitude me pegou de vez. Me aquietei, tranquilizei e simplesmente optei por tocar o barco, independente do que está por vir. Uma sensação estranha, uma tranquilidade sensata. O mundo pode desabar, mas meu coração não vai mesmo gritar.
Não parei de sentir ou de vibrar a cada boa noticia, aprendi a não me abalar com o mundo hostil que está bem ali, depois da porta de entrada de casa. Aprendi a ser mais segura e menos inconstante, apesar de continuar intensa. Aprendi a respirar fundo e tentar não dar importância. Aprendi que algumas pessoas vão querer me magoar, aliás, vão se esforçar para isso, e eu por necessidade máxima vou precisar não me importar. Não que isso seja fácil, mas mágoa e coração não combinam. Deixa ir.
[ Imagem: reprodução ]
Coração manso não se apega a miudezas mundanas. Coração manso mora em alma grande. Hoje assumo, sem modéstia alguma que cresci, que amansei um coração briguento e por vezes rabugento. Deixei histórias para trás, pessoas também. Me perdoe e desculpei aqueles que sem nem perceber – e as vezes até percebendo – que me faziam mal. Aprendi a relevar, a fechar a boca, a não contar planos, vantagem ou números. Parei de acreditar nas estatísticas e nos planos do governo. Comecei a me ver como cidadã do mundo e não apenas moradora de uma cidade chata.
Enxerguei finalmente um gráfico de vida: aquilo que realmente vale a pena x aquilo que realmente preciso me preocupar. Mudei de vida, de amigos, a casa, o guarda-roupa, o caminho. Reaprendi a viver sem me cobrar pela sociedade e dando importância para aquilo que era realmente bom para mim, e isso está bem longe de números na conta bancária, um carro do ano ou comprar mundos e fundos no shopping.
Parece até julgamento, mas na verdade é só coração manso e aquela sensação incrível de saber exatamente o que não se quer , e não ter certeza nenhuma do que quer. O querer muda, o passado não.
Corações mansos em um mundo aflito. Oração em meio ao caos. Serenidade em meio a ansiedade. Ser e ter. Ir e vir. Viver e sentir.
Que o nosso mundo seja guiado pelo coração próprio, deixando a razão no 2+2 = 4.
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Lindo texto
Coração manso, assim que estou tentando deixar o meu. adorei o texto.
Muito lindo como todos os outros
Olaa! Seu texto, assim como seu blog são inspiradores! Parabéns pela alma aberta, e o dom de colocar sua vida em texto. lindo lindo!
Sempre arrasando Ju (Já me tornei íntima). Você consegue alcançar de uma forma incrível, o que estamos sentindo, nem que seja em um trecho. Qualquer dia desses te mando um e-mai pedindo conselho. Desde já agradeço e não pare de escrever!