Leia ouvindo: Current Swell – Young And Able
Foi arrumando meu antigo guarda-roupa que encontrei minha caixa de diários. Minha vida estava bem ali na minha frente. Pessoas, histórias, situações, amores, brigas, decepções. Tudo que eu sou hoje devo à essa caixa de velhos diários. Sentei no chão do meu quarto e comecei a ler. Lágrimas rolaram. Talvez tenha sido o dia que mais chorei na vida.
Minha vida, na minha frente. Não me reconheci nas cores ou dúvidas daquela antiga Juliana. Talvez a maturidade tenha me deixado assim. Queria voltar ao passado e encontrar minha antiga “eu” e bater um papo, tomando toddynho, sentadas nas escadas da Igrejinha que fica na frente da casa de minha avó.

“Sabe antiga “eu”, talvez você não entenda exatamente tudo quê eu vou te falar, mas você pode sofrer menos por coisas pequenas. Não ligue para o quê as meninas dizem sobre o seu cabelo, ele ondulado é lindo. Não bata tão de frente com o seu pai, conte os seus maiores segredos para a sua mãe, coma mais bolachas de nata da sua avó. Não ligue para as comparações que fazem entre você e outra pessoa, você é única.
Você não precisa se preocupar com o seu crescimento, criar expectativas com caras errados e nem sair todo final de semana para aproveitar as amigas. Você vai ter uma vida muito legal quando entrar para a faculdade, vai conhecer gente nova e que te aceita do jeito que é. Vai encontrar um cara que vai ser muito legal com você e vai sorrir muito ainda.
Entre arquitetura e publicidade, fique com a segunda. Você vai ser muito feliz trabalhando com isso. Vai trabalhar em várias empresas bacanas, ter a sua própria. Vai fazer amigos incríveis, viajar para tantos lugares, se decepcionar com algumas pessoas e claro, viver de maneira leve. Ah, seu guarda-roupa vai ser invejado por muitas e vai inspirar gente escrevendo, como você já fazia nas aulas de redação.”
É justamente quando a gente se depara com os sofrimentos passados que entende que os anos correm e que graças a Deus a maturidade chega. Sou grata a tudo que vivi, mas faria pequenos ajustes nessa personalidade difícil. O bom de crescer é isso, entender que os pés crescem e pedem novos sapatos, experiências, vivências e não podemos ter medo de trocá-los.
O quê você diria para a sua antiga “eu”? Quais sonhos deixou de realizar? O quê ainda deseja? Quais são seus planos? Daqui 10 anos quero rever o passado e ser grata novamente. Tenho certeza que a minha vida vai ser muito melhor do quê imagino e meus planos vão mudar. A vida se encarrega de colocar tudo no lugar, bagunçando ou arrumando, o destino não falha.
Abraçar o passado é uma das melhores coisas que devemos fazer na vida, a gratidão por ele também. Tudo que somos é por conta dele. Se pretende mudar a história, faça por onde. Só não deixe de fazer o seu coração feliz e deixe o destino agir. Daqui 10 anos, bata um papo com você mesmo, mal não há de fazer.
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