Leia ouvindo: Ophelia – The Lumineers
Uma vez tomada por sonhos sentou-se em uma esquina onde não compartilhou planos, mas apenas a rotina. No vento sadio do início da primavera, entre um gole e outro de uma cerveja gelada, traçou o dia, ouviu escolhas e o reclamar de uma vida que não era sua.
Quando o calor intenso do verão chegou, não tinha mais a quem recorrer para contar as boas novas. Na calada da noite escreveu textos, e-mails e SMS que nunca seriam conhecidos.
A sua saudade já havia sido ridicularizada, imagina qual seria a retribuição para as boas novidades? Um ok, um parabéns não era o que precisava.
De repente precisava do olho no olho, o sorriso de aprovação no decorrer da conversa, a pontuação sobre as pessoas loucas em nossa vida, a gargalhada fácil que sempre proporcionará.
Não iria falar desta vez para as paredes, a fim apenas de ter mais uma vez sua emoção ignorada.
[ Imagem: reprodução / Pinterest: @cotidianodela ]
Passou um texto pra frente, de repente sua voz dando voz a outra faria mais sentido e a tristeza intrínseca nele não mostraria sua fraqueza.
O sorriso faz falta, as piadas fazem falta, a inconstância de quem só é um em dois faz falta.
Como queria ainda estar na nossa esquina, sem me preocupar com mais nada além da cerveja e as nossas mãos entrelaçadas.
Agora me contento com a distância, a cada like um pouco de ar preso no peito, um pouco menos de qualquer coisa que antes tinha.
Vejo pela distância, agradeço por tudo e sigo em frente, pois está conseguindo o que queria tornar.
A nossa esquina sempre estará lá, não para nós. Talvez para outros enamorados, amigos, amantes e até mesmo os calhordas. Já nós, não estaremos lá.
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