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Era o nosso primeiro jantar. Era também o nosso primeiro vinho. Falamos juntos: – Vinho? Rimos depois. Foi o dia oficial do juntos. Foi o dia que eu olhei diferente para você. Foi o dia que eu realmente quis ficar com você. Naquele e nos outros que estavam por vir. O futuro até então não me parecia feliz, o aqui e o agora me completava.
O que eu mal sabia era que o futuro tinha algo realmente especial para mim. O seu brinde a nós foi sincero. Me disse que era preciso olhar nos olhos e segurou a minha mão. Como aquilo podia acontecer? Romântico demais para os tempos modernos. Feliz por ter acontecido comigo. Desacreditava de sorrisos sinceros até ver o seu. A felicidade não parecia ser tão fácil depois do meu olhar cruzar com o seu. Não era o nosso primeiro encontro, mas o nosso primeiro jantar.
[ Imagem: reprodução ]
Pedimos pratos complementares, trocamos olhares, risadas, carinhos, histórias e decidimos que daquele dia em diante o caminho era único para dois. Diferente dos vinhos escolhidos pelos rótulos, decidimos experimentar as escuras o gosto real um do outro. O tom mais seco, o lado mais doce, o perfume marcante, uma personalidade forte, encorpados, suaves, intensos e principalmente fiéis ao sabor escolhido. Decidimos por experiências ao invés de rótulos. Era você e eu descobrindo o que era a gente junto.
Não me lembro do rótulo do nosso primeiro vinho, mas me lembro bem dos nosso detalhes. Provavelmente seja isso que realmente importa, o gosto do primeiro vinho não o rótulo. Fomos diretos, sem rótulos caros ou baratos, safra ou qualquer jogo de adivinhação para detalhes suaves ou encorpados. O amor se torna especial em momentos, o vinho com o tempo. O amor precisa de manutenção, o vinho de um porão. Não existe safra para o amor, mas existe para o vinho. Diferença que se faz nos detalhes.
No nosso primeiro vinho eu descobri o seu verdadeiro sabor e isso bastou.
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Me peguei viajando nesse texto! Parabéns!